sexta-feira, 10 de outubro de 2008

inatingivelmente atingível

.
ao canto do vento, te vejo
e desejo, por vez, um sorriso
passo, despercebido, passos
rápidos, desastrados, aflitos

nos teus olhos desatentos
olho
vejo apenas
no fundo
meu reflexo, noutra direção, indo

desligado do mundo, enfim
vejo meu reflexo estampado em ti
como uma chama chegando ao seu fim
cala o acalanto no reflexo, a sumir

passas por mim
assim
não me vês?!

sigo-te então
cortando a brisa
que arde em meus olhos
umedecendo-os, assim
já vermelhos
fundos

negros, tristes, ódio
vermelho, pastoso, em minhas mãos
em seus lábios, o silêncio
seu sopro se extingue e morre

agora aprisionado
pelo sentimento idealizado
demasiadamente sustentado
e na cabeça
insana
apenas o rascunho
de nada mais



Rodrigo Selis e eu, 30/6/2008

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